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Seqüenciado o genoma da videira

Franceses e italianos decifram o DNA da variedade Pinot Noir

Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br

26/08/2007

Um consórcio de cientistas da França e da Itália divulgou hoje (26/08) o rascunho do genoma da videira, mais especificamente da Vitis vinifera, espécie que produz as variedades de uvas usadas na fabricação de vinho fino em todo o mundo. O trabalho, que estima em cerca de 30 400 o número de genes da planta, foi publicado na edição online da revista científica britânica Nature, uma das mais renomadas no meio acadêmico. A videira é a primeira planta que produz frutos – e a quarta das que dão flores – a ter seu genoma seqüenciado.

Os pesquisadores seqüenciaram o DNA de uma linhagem de plantas derivadas da Pinot Noir, a caprichosa cepa tinta da Borgonha. Eles constataram que o genoma da videira, composto de cerca de 490 milhões de pares de bases (as “letras químicas” do DNA), apresenta o dobro de enzimas associadas à produção de aromas e óleos do que encontrado no DNA de outras plantas já seqüenciadas, como o arroz, o álamo (choupo) e a Arabidopsis thaliana, planta modelo da biologia. Isso quer dizer que talvez seja possível associar a diversidade de sabores e aromas do vinho a elementos presentes no próprio genoma do vegetal.

Os cientistas constataram que o genoma da videira apresenta várias repetições de genes envolvidos no metabolismo de taninos e terpenos, que contribuem para as características aromáticas dos vinhos. Também viram que o genoma da espécie contém amplificações da família de genes ligados à produção do resveratrol, composto químico presente no vinho, sobretudo no tinto, que parece ser benéfico ao coração.

O genoma da videira foi escolhido para ser seqüenciado devido à importância que a planta ocupa como herança cultural da humanidade, desde o período Neolítico. Os resultados do trabalho – coordenado por Patrick Wincker, geneticista da Genoscope, o centro francês de seqüenciamento genético em Evry, nos arredores de Paris – podem ajudar na criação de plantas mais resistentes a doenças e na compreensão das bases moleculares dos aromas e sabores dos vinhos, entre outras utilidades.

Leia aqui reportagem em inglês mais detalhada sobre o estudo no site da Nature.

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