O ranking do sobrepreço
Levantamento mostra que vinhos importados custam no Brasil entre 70% e 430% mais que nos EUA
Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br
22/06/2008
O site EnoEventos do enófilo Oscar Daudt, do Rio de Janeiro, prestou mais uma vez um serviço inestimável aos consumidores de vinhos do Brasil. Pela segunda vez no ano, comparou o preço no Brasil e nos Estados Unidos de centenas de vinhos. Com a ajuda do site WineSeacher, que lista o preço de vinhos em vários mercados internacionais, e munido dos valores cobrados em terras nacionais pelas importadoras, Daudt fez agora uma confrontação ainda mais criteriosa e extensa do que já havia feito em sua primeira investida nesse setor (veja coluna sobre o levantamento anterior).
Preços de vinhos trazidos ao Brasil por 31 importadoras foram comparados com os valores desses mesmos rótulos no mercado norte-americano. Na maioria dos casos, 20 vinhos de cada importadora foram alvo do levantamento. Infelizmente, o resultado não foi muito diferente do encontrado no trabalho anterior. Todos os vinhos, claro, são mais caros no Brasil do que nos EUA. Em geral, quem cobrava caro continua cobrando caro e quem tinha preços mais razoáveis também não mudou sua política.
As diferenças de preço, sempre para mais no mercado nacional em relação ao norte-americano, variaram de pouco mais de 70% – no caso da Cellar, que foi a importadora com preços mais próximos dos cobrados nos EUA – até absurdos e injustificáveis 430% (ostentados pela Terroir). Vale lembrar que a Cellar, uma pequena importadora de São Paulo, já tinha exibido os preços mais em conta no levantamento anterior. Também a Terroir já tinha sido a campeã dos preços altos. Para quem não sabe, a Terroir é do autointitulado “Homem do Vinho”. Homem do Vinho Caro, pelo jeito.
Dificilmente, apenas os elevados impostos cobrados no Brasil podem ser a justificativa da enorme disparidade de preços flagrada pelo levantamento. Se existem empresas que conseguem importar legalmente um vinho e vendê-lo por um preço “apenas” – “apenas”, é força de expressão – 70% ou 90% maior do que nos EUA, deve haver algo de muito estranho na contabilidade das importadoras que comercializam aqui seus vinhos a valores 300% ou 400% superiores ao preço médio desses mesmos vinhos no mercado norte-americano. Políticas de preços tão díspares entre as importadoras devem ser fruto da busca desenfreada (por algumas delas) do Lucro Brasil, uma criação tão nacional quanto o conhecido Custo Brasil.
Abaixo a diferença média de preço dos vinhos analisados de cada importadora em relação ao valor desses mesmos vinhos nos EUA:
1) Cellar – 71,2%
2) Casa Flora – 92,1%
3) Mistral – 113,0%
4) Cava de Vinhos – 117,7%
5) Vinhos do Mundo -120,1%
6) Zona Sul – 126,6%
7) Bruck – 128,2%
8- Adega Alentejana -135,0%
9) Miolo – 136,9%
10) Grand Vin – 146,2%
11) Decanter – 162,0%
12) Vinea Store – 167,0%
13) Vinci -170,0%
14) Vinoteca – 172,2%
15 )World Wine -174,5%
16) Zahil – 174,6%
17) Qualimpor -181,8%
18) Expand – 187,8%
19) Wine Company – 191,5%
20) Península – 235,2%
21) Reloco – 235,4%
22) Grand Cru – 276,4%
23) D’Olivino -285,3%
24) KMM – 320,9%
25) Enoteca Fasano – 365,6%
26) Club du Taste-vin – 380,0%
27) Terroir – 434,2%
Para mais detalhes do levantamento, veja a matéria original do site EnoEventos.
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