O adeus de Robert Mondavi
O pioneiro que colocou a Califórnia no mapa mundial dos vinhos de qualidade morre em casa aos 94 anos
Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br
17/05/2008
Pioneiro do vinho californiano de alta qualidade, Robert Mondavi morreu às 3 horas da manhã de ontem (sexta-feira, 16/05) aos 94 anos em sua casa em Yountville, no Vale do Napa. Alguns sites ingleses, como o da revista Decanter, dizem que ele morreu num hospital, mas a informação oficial, que está em jornais como o The New York Times e a revista Wine Spectador, atesta que Robert morreu silenciosamente em seu lar californiano. Sabia-se que estava praticamente surdo e se locomovia em cadeira de rodas há algum tempo, mas a causa de sua morte não foi divulgada. Deixou sua segunda mulher, Margrit, e os filhos do primeiro casamento, Tim, Michael e Marcia.
Descendente de italianos nascido no Minnessota, Robert fundou em Oakville (Califórnia) em 1966 a empresa que seria o embrião da Robert Mondavi Winery depois de brigar feio com o irmão Peter, com quem vivia às turras na condução dos negócios da família, a Charles Krug Winery. O irmão era conservador e não queria investir em vinho de qualidade. Ambicioso e genioso, Robert queria botar a Califórnia, então vista como uma fonte de tintos e brancos de segunda categoria, no mapa mundial dos vinhos de alta gama. Conseguiu. Quem nunca ouviu falar do Opus One, seu vinho mais caro e famoso, fruto de uma parceria com o famoso Château Mouton-Rothschild, in Bordeaux?
Robert começou sua busca por qualidade imitando os vinhos franceses, sobretudo os tintos de Bordeaux (à base de Cabernet Sauvignon e/ou Merlot) e os brancos da Borgonha, feito de Chardonnay. Montou um império, que, em seu auge, além de parceria com os Rothschild, teve negócios conjuntos com os Frescobaldi na Itália e os Chadwick no Chile, entre outros. Apesar de ter alcançado reconhecimento mundial, a Robert Mondavi Corporation não resistiu a sucessivas crises e, em 2004, foi comprada pela companhia gigante australiana Constellation Brands.
Robert foi o maior nome do vinho norte-americano na segunda metade do século passado, o embaixador do vinho californiano. Além de ter produzido vinho, deu forte impulso à culinária, às artes e, mais recentemente, à filantropia na Califórnia. Mas o custo pessoal de seu estrondoso sucesso foi alto. Permaneceu brigado com o irmão por quatro décadas (só se reconciliou com Peter em 2006), teve um casamento desfeito e enfrentou muitos desentendimentos com os filhos sobre a condução do império vínico da família.
- A feira dos alternativos
- Vinho branco mais rico em antioxidantes