Mistura saudável
Estudo feito com 12 mil homens e mulheres conclui que quem faz exercícios e bebe moderadamente tem risco de 30% a 49% menor de apresentar doenças cardiovasculares
Da Agência FAPESP*
18/01/2008
Pessoas que bebem moderadamente e são fisicamente ativas têm menor risco de morte por doenças do coração do que aquelas que não bebem e são inativas. A afirmação é de um estudo publicado na edição de 9 de janeiro do European Heart Journal, da Oxford University Press.
Segundo a revista, a pesquisa é a primeira a avaliar a influência combinada de atividades físicas e da ingestão regular de álcool em causas comuns de morte. De acordo com o trabalho, indivíduos que não bebem e não se exercitam têm risco de 30% a 49% maior de apresentar doenças cardiovasculares do que aqueles que fazem as duas atividades.
O estudo foi feito por cientistas dinamarqueses a partir de dados de quase 12 mil homens e mulheres com mais de 20 anos que participaram de um levantamento feito pela administração municipal de Copenhague. Os primeiros dados foram colhidos entre 1981 e 1983 e, no acompanhamento desde então, foram registrados 1.242 casos de doenças coronárias fatais e 5.901 mortes por outros motivos.
“Os resultados mostram que tanto se manter fisicamente ativo como beber moderadamente são importantes para reduzir o risco tanto de doenças cardiovasculares isquêmicas como de mortes por outras causas. A ingestão moderada de álcool reduziu o risco de mortalidade tanto em homens como em mulheres, mas o mesmo não foi verificado entre aqueles que bebem mais pesadamente”, disse Morten Grønbæk, diretor do Instituto de Saúde Pública da Dinamarca, que coordenou a pesquisa.
“Outra importante conclusão de nossa pesquisa é que a atividade física pode reverter alguns dos efeitos adversos associados com a abstenção ao álcool. Pessoas que não bebem, seja por motivos religiosos, por gravidez ou por caso anterior de alcoolismo, mas fazem atividades físicas moderada ou intensamente, também têm menor risco de adquirir doença cardiovascular do que aquelas que não bebem e se mantêm inativas”, disse Jane Østergaard Pedersen, primeira autora do artigo.
A pesquisa dividiu a atividade física em três categorias: níveis alto ou moderado (mais de duas horas por semana de exercícios como caminhada vigorosa, ciclismo ou esporte que cause exaustão); nível baixo (pelo menos duas horas semanais de caminhada leve, jardinagem ou outra atividade); e fisicamente inativos, cuja principal atividade física se resume a assistir TV ou a eventuais idas ao cinema.
A ingestão de álcool foi classificada de acordo com o total semanal: aqueles que beberam menos de um drinque (ou uma lata de cerveja ou uma taça de vinho) foram classificados como não bebedores; moderados foram os que consumiram de 1 a 14 drinques por semana; quem ingeriu mais de 15 drinques foi classificado como bebedor pesado.
Em cada um dos níveis de atividade física, inclusive no primeiro (ausência), os não bebedores tiveram risco em média 30% maior de doenças cardiovasculares na comparação com os moderados. Entretanto, os não bebedores tiveram uma redução no risco quando fizeram atividade física em nível moderado (31% menor) ou alto (33% menor).
Os que beberam pelo menos um drinque por semana e se mostraram fisicamente ativos foram os que se deram melhor, com 44% a 50% menos risco de adquirir doença cardiovascular quando comparados com os inativos e não bebedores.
Ao analisar as mortes por todas as causas naturais, incluindo doenças coronárias, os pesquisadores verificaram que em todas as categorias de ingestão alcoólica os fisicamente inativos tiveram o maior risco de morte. Em relação aos diferentes níveis de atividade física, os bebedores moderados foram os que apresentaram menor risco.
“Os menores riscos entre todas as causas foram observados na categoria fisicamente ativo e bebedor moderado e os maiores ficaram com os fisicamente inativos e não bebedores ou bebedores pesados”, disse Jane.
O artigo , de Jane Østergaard Pedersen e outros, pode ser lido por assinantes do European Heart Journal em http://eurheartj.oxfordjournals.org
*Este artigo foi originalmente publicado no dia 11/01/2008 na Agência FAPESP
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